A Associação
mantenedora da Orquestra Sinfônica de
Ribeirão Preto (OSRP) irá comemorar em maio de 2013 seus 75 anos. Fundada
em 1938 com o nome de Sociedade Musical de Ribeirão Preto, posteriormente foi
chamada de Associação Lítero-Musical e atualmente é a Associação Musical de Ribeirão Preto, uma entidade sem fins
lucrativos que conta com a mensalidade de 478 sócios,
patrocínios e projetos de Lei Rouanet para a realização de suas atividades.
No início do século
XX aconteceram em Ribeirão Preto, diversas tentativas para a criação e
funcionamento de sociedades musicais sinfônicas. Através de programas de
concertos destas antigas sociedades musicais que datam de 1923 e 1929, podemos
constatar que a OSRP é ainda mais antiga.
Somente a
Associação Musical de Ribeirão Preto consolidou a OSRP que é hoje considerada a
segunda orquestra mais antiga do país em atividade ininterrupta.
Seus fundadores
foram pessoas de diferentes camadas sociais. Identificamos, entre eles,
profissionais como: carteiro, fotógrafo, médico, advogado, comerciante,
taxista, entre outros e alguns músicos, que se encontravam após o
expediente do dia de trabalho para ensaiar. Tocavam por paixão à música.
Na primeira página
do estatuto de funcionamento desta entidade consta que a Sociedade Musical
“nasceu de um punhado de homens idealistas, para afirmar de público que um
monumento seria erigido nesta cidade, em homenagem à música”. E esse
movimento sintetizaria o símbolo da harmonia reinante no seio da classe
musicista que trabalharia em benefício da arte musical, difundindo pela
sua Orquestra Sinfônica a “boa música”, símbolo aristocrático que buscava
o aprimoramento cultural do povo.
Seria então esta
Orquestra inicialmente sinfônica? Não. Nossa orquestra foi fundada com
características de filarmônica. A diferença está não no repertório ou na
quantidade de instrumentos, mas na maneira como ela se constitui
juridicamente e administrativamente. A palavra "sinfônica"
indica um repertório composto por sinfonias e também serve para
representar alguns grupos musicais mantidos exclusivamente pelo poder
público ou de outras sociedades. "Filarmônica" diz respeito às
sociedades musicais mantidas por pessoas que demonstram interesse pela música:
os amantes, ou amadores que acabam por subsidiar determinados conjuntos
orquestrais. O nome "Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto"
permaneceu por tradição.
A OSRP ficou logo conhecida, pois era
a única no gênero em todo o interior do estado de São Paulo. Contava com
alguns maestros, que se alternavam nos 12 primeiros concertos e com
músicos amadores. Ignázio Stábile foi o primeiro maestro titular, assumiu
a regência em 1941, trabalhou como copista e orquestrador, adaptava as
peças musicais para a formação disponível.
Sempre houve por
parte da diretoria da Sociedade Musical de Ribeirão Preto a preocupação
com a qualidade sonora das apresentações. Desde o início e durante mais de
20 anos, diversos corais da cidade participaram enriquecendo o repertório dos
concertos, sendo que na década de 1950, a Orquestra mantinha seu próprio
corpo coral, mas que teve curta existência, apresentando-se apenas em três
ocasiões.
A Orquestra também
incluiu em seus concertos a participação de importantes solistas nacionais
e internacionais e maestros convidados. Seu repertório contemplou as obras
dos grandes compositores europeus e brasileiros, com certa predileção pela obra
de Carlos Gomes, mas também com espaço para compositores que moravam na
cidade: Homero Barreto, Edmundo Russomanno, Belmácio Pousa Godinho,
IgnázioStábile, entre outros.
Até o final desta
mesma década (1950), a Orquestra somava mais de 100 concertos, o que pode
ser considerado muito para a época e as circunstâncias. Com poucos
recursos financeiros oriundos dos sócios e da posterior subvenção da
prefeitura, sua existência foi considerada “um milagre” pela imprensa já
em seu primeiro ano de vida, resistindo com o passar dos anos a crises
financeiras, administrativas, deficiência de instrumentos, falta de músicos,
de sede própria e descrenças, entre outras dificuldades. O reflexo desta
realidade pode ser percebido no número de concertos, uma média de 40 a
cada 10 anos, quadro que se alterou somente na década 1980, quando o
número passa para 73 concertos em 10 anos.
Vencendo as
dificuldades, a Associação Musical nunca interrompeu as atividades da
Orquestra. Registrou uma preocupação constante com sua qualidade musical,
mantendo enquanto pôde o seu Conjunto Coral (1954), a Escola de
Instrumentistas (1977), a Camerata de Fesch (1980) e a Orquestra Jovem
(1985). Considera a sua responsabilidade social e continua na missão de
divulgar a música erudita.
A Orquestra Sinfônica de Ribeirão
Preto é hoje uma orquestra profissional e considerada patrimônio cultural da cidade.
Lembramos o trabalho árduo e o idealismo de todos os seus músicos,
fundadores e
administradores, desde o primeiro presidente
Max Bartsch, as diretorias e os seus sucessores, os patrocinadores, sócios
e o público que fizeram e fazem da OSRP, história e tradição, a expressão
musical de Ribeirão Preto.