Entre os antigos conjuntos musicais de Ribeirão Preto estão as bandas, militares ou de coreto, que participavam de todos os atos sociais e eram uma das poucas oportunidades que a população tinha de ouvir qualquer tipo de música instrumental. Elas se apresentavam com regularidade nas praças públicas da cidade Até o momento, poucos foram os estudos referentes às bandas e ainda há dúvidas na identificação de algumas delas.
São dos memorialistas Prisco da Cruz Prates e Rubem Cione breves relatos a respeito das primeiras bandas musicais. Eles afirmam que a primeira, chamada Banda São Sebastião, foi organizada por Pedro Xavier de Paula em 1887 e que a segunda foi fundada em 1894 por José Munhai, com imigrantes italianos. Podemos também citar uma das mais antigas bandas de Ribeirão Preto, a Banda Filhos de Euterpe dirigida pelo músico e compositor José Delfino Machado. Nas obras destes autores encontramos também referências a teatros cinemas, cassinos e confeitarias, que possuíam seus próprios grupos musicais, sendo locais para o entretenimento da população.
Em 1910 existiam quatro bandas e a prefeitura as contratava para tocar nos coretos de praças. O Hino Nacional Brasileiro e a Marsellhesa (Hino Nacional da França) eram sempre executados e o repertório tratava de peças tradicionais e do folclore estrangeiro além de composições eruditas de apelo popular.
Orquestra Jazz Tupan com o cantor Orlando Silva no palco do Cine Teatro São Jorge em apresentação irradiada pela PRA-7. Fonte: Arquivo Pessoal Luíz Baldo. |
Integrantes da Jazz Band Record de Ribeirão Preto. Fonte: Arquivo Pessoal Aloísio da Cruz Prates. |
Entre documentos mais antigos sobre as bandas que tocavam em praças públicas, encontra-se no Arquivo Público Histórico Municipal de Ribeirão Preto (APHMRP) o contrato firmado pela prefeitura com a Banda Giácomo Puccini em 1933. Era dirigida pelo maestro Ignazio Stábile e fazia retretas semanais na Praça 7 de Setembro, na Praça XV de Novembro e na Praça Sagrado Coração da Vila Tibério. A Banda, que deveria contar com no mínimo 20 músicos, comunicava um dia antes para a prefeitura o repertório a ser executado. Caso houvesse alteração, a prefeitura deveria ser previamente comunicada para que se verificasse sua razão. A Banda Giácomo Puccini mantinha com recursos próprios uma escola de música para 23 crianças carentes, participou das retretas promovidas pela prefeitura até 1937. A partir deste ano, passou a se apresentar outra banda contratada, a Banda Independente. O repertório a ser executado era sempre divulgado no jornal “A Cidade”.
Juntamente com as bandas são observados outros conjuntos musicais de Ribeirão Preto, as Jazz Bands. Na época, qualquer conjunto de bateria e instrumentos de sopro (basicamente vindos das bandas) era chamado de Jazz Band e o seu repertório de sambas, choros e maxixes e alguns tipos de Jazz, era tocado de acordo com o lugar em que se estabeleciam para trabalhar, no caso de Ribeirão Preto, casas noturnas e cassinos.
O Jazz é um estilo musical que surgiu no final do século XIX como uma manisfestação artístico-musical da cultura popular e das comunidades negras americanas. O estilo incorporava a polirritmia e a improvisação utilizando instrumentos originalmente usados em bandas marciais: metais, palhetas e baterias. No Brasil, as Jazz Bands aparecem como cópias do formato americano para repertórios populares no período da primeira guerra mundial.
Integrantes da Cadioli e sua Orquestra. Fonte: Arquivo Pessoal Luíz Baldo. |
Integrantes da Jazz Band Imperial de Ribeirão Preto. Fonte: Arquivo Pessoal Luíz Baldo. |
Um antigo álbum confeccionado pelo próprio Manoel da Silva traz fotografias da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, dos conjuntos musicais que se apresentavam na emissora de rádio local (PRA-7) e de algumas Jazz Bands que tocavam nas casas noturnas da cidade e muitos dos músicos e algumas datas ainda não foram identificados. Os outros dois arquivos não estão organizados em álbuns, mas contém documentos, recortes de jornais e fotos.
Integrantes da Jazz Band Beretta (de Hermenegildo Beretta). Fonte: Arquivo Pessoal Manoel da Silva. |
Para colaborar com esta pesquisa contamos com a participação dos relatos das pessoas que mantém documentos ou fotos em suas residências.
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Artigo Publicado na Revista Movimento Vivace Ano I nº 9 novembro de 2008