7 de agosto de 2011

Nos Domínios da Música


O empenho de Max Bartsch, primeiro presidente da OSRP, fazia efeito junto aos músicos e à sociedade local. Era dele a frase “A boa música educa o povo”, impressa nos primeiros programas de concerto. Esta frase traduz o interesse de Bartsch e da própria sociedade em promover atividades culturais que evidenciassem a música erudita. Todos juntos - presidência, diretoria e músicos - trabalhavam na prestação de serviços voluntários para o bom funcionamento da OSRP, objetivando os resultados musicais e mesmo divulgando os seus feitos.


Max Bartsch – primeiro presidente da OSRP


Verificamos a importância da crítica jornalística, especialmente da mídia impressa, na diferenciação, legitimação e especificidade desta prática intelectual artística: os concertos da OSRP. Pelos jornais, o público sabia em primeira mão dos acontecimentos referentes à produção dos concertos, dando espaço a admirações ou exclusões, contribuindo positivamente para a concretização dos ideais de valores culturais.
Devido a estas constatações, iniciamos a partir deste mês uma série de transcrições dos jornais da época, contidos no Arquivo Histórico da OSRP, a fim de trazer a conhecimento público mais um pouco de nossa história.

Transcrição do Jornal “Diário de Notícias” de 28 de outubro de 1938.

A Sociedade Musical de Ribeirão Preto continua no seu afam de tornar ainda mais conhecida entre nós, a divina arte do som, que immortalisou Carlos Gomes.
Ribeirão Preto, nós já o temos frisado em mais de um commentario, vem se organisando nos moldes das famílias laboriosas, que pensam firmemente no futuro: primeiro organisam a sua economia , depois, cuidam da cultura, da illustração.
Há, com effeito, famílias assim. Formam, primeiro, o seu patrimônio econômico e, depois, cuidam de formar o culturar, mandando os seus filhos para os collegios, para os conservatórios, para as universidades.
Tem sido essa a directriz de nossa terra.
Podemos dizer que já está rica, que já conta com um considerável numero de famílias abastadas e, agora, esta cuidando do seu desenvolvimento intellectual e artístico.
A Sociedade Musical de Ribeirão Preto vale por uma prova do que estamos fallando.
Fundada há pouco tempo, já se pode considerar collocada entre as grandes e victoriosas iniciativas.
A propósito das actividades dessa entidade artística, recebemos o seguinte communicado: “A Sociedade Musical de Ribeirão Preto, fiel aos seus planos traçados, com grande estimulo ensaia-se para o II Concerto Symphonico a ser levado nesta cidade, regiso pelos conhecidos Maestros Carlos Volani Nardelli e Conego Barros.
Teremos assim o prazer de offerecer aos aantes da Bôa musica mais um optimo concerto, que será abrilhantado com o concurso de trinta cantores, graças á gentileza do Sr. Conego Barros.
Alem deste concerto, a Directoria está planejando mais dois grandiosos, conjunctamente com a Sociedade Symphonica de Campinas. Um será em Ribeirão Preto e outro na cidade de Campinas, o que nos vale a satisfação de apresentar ao nosso publico e ao Campineiro um conjuncto de noventa músicos mais ou menos.
Para regernte deste concerto a Directoria convidará o Maestro Sousa Lima, um dos dirigentes mais destacados do Brasil.
Constituirão estes concertos um espectaculo inédito para Ribeirão Preto e mostrarão que a nossa terra não é uma cidade adversa á arte.
Para tão grande empreitada a ser levada a effeito, procuraremos o patrocínio das Camaras Municipaes e do Commercio em geral.
A Sociedade Musical de Ribbeirão Preto communica ainda que dará também um concerto em Batataes, regido pelo Maestro Antonio Giammarusti e um outro em Jaboticabal, sob a batuta de Maestro Nardelli.
Contando pois com a boa vontade da imprensa e do nosso povo, que não nos têm faltado.
Antecipadamente os nossos agradecimentos”.
p. Sociedade Musical de Ribeirão Preto
(aa) Max Bartsch – presidente, Francisco de Biase – secretario.

Gisele Haddad

arquivohistorico@osrp.org.br

Artigo Publicado na Revista Movimento Vivace Ano II nº 19 outubro de 2009