7 de agosto de 2011

Pessoas de diversas classes sociais difundem a música em Ribeirão Preto

Transcrição do Jornal “Diário da Manhã” de 9/6/1957 constante do Arquivo Pessoal Manoel da Silva. Reportagem de Moacir Bernardes.










A Orquestra Sinfônica
(...) Uma orquestra sinfônica não se improvisa, daí as grandes dificuldades dos idealizadores da Sociedade Musical de Ribeirão Preto, cujo principal fim seria a organização de uma orquestra para a difusão da música clássica. Houve necessidade de moldar elementos, estabelecer disciplina, programas de estudos e ensaios continuados. Finalmente, no dia 22 de setembro de 1938, no Theatro Pedro II, a Sociedade Musical de Ribeirão Preto apresentou ao público a Orquestra Sinfônica, executando um programa, ainda em homenagem a Carlos Gomes, o inspirador do movimento artístico. Noite de gala a qual compareceram as mais altas autoridades locais e a senhora Joaquina Gomes, “nhá” Quina, irmã de Carlos Gomes. Regeu a orquestra o maestro Antonio Giammarusti, com o concurso de Raul Laranjeira. O programa daquela noite constou do seguinte: Abertura do espetáculo com o discurso do senhor Joaquim Camilo de Mattos, prefeito municipal, seguindo-se a execução pela orquestra de: “Fosca”, sinfonia de Carlos Gomes; “Ma Belle qui Danse” de Von Westerhout; “Maria Tudor”, sinfonia de Carlos Gomes; “Minueto em Si Bemol” de Bocherini;  “Salvador Rosa”, ouverture da Opera de Carlos Gomes; “Preludio” da Opera “Lo Schiavo” de Carlos Gomes; “Momento Musical para cordas de Schubert, e finalmente “O Guarani”, sinfonia de Carlos Gomes.
Dizem pessoas que assistiram ao espetáculo que ele constituiu uma verdadeira consagração e entusiasmou a todos, garantindo o êxito da iniciativa. Músicos profissionais ao lado de médicos, dentistas, funcionários públicos, artífices, marceneiros, sapateiros, comerciários, estudantes, quantos tocavam um instrumento e tinham conhecimento musical persistiram nos ensaios e na organização definitiva da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto.
Tudo deu certo, cada um deixou seus afazeres profissionais umas tantas horas por dia para dedicar-se à música. Desde então, de acordo com os estatutos da Sociedade Musical, a Orquestra Sinfônica apresentou regularmente, bimestralmente, um concerto sinfônico. Até hoje muitos dos músicos que tomaram parte na memorável noite inaugural de gala continuaram ocupando o seu lugar na orquestra e participando dos concertos sem registrar uma falta. Muitos são pobres, mas nada receberam pela sua participação, até pelo contrário, se necessário contribuem com o que podem. Aliás, no início cada músico pagava a mensalidade de dois cruzeiros para fazer parte da Orquestra Sinfônica. (...)

Dificuldades
Outro incansável mantenedor da orquestra é o sr. Edmundo Russomanno, um dos seus fundadores e clarinetista do conjunto. Entusiasta como é, por várias vezes, pegou a batuta para dirigir concertos e para que os estatutos da entidade fossem cumpridos. Disse-nos ele que a Sociedade Musical tem lutado e vencido inúmeras adversidades. Quando há falta de recursos, diretores, sócios e os próprios músicos se cotizam e superam as dificuldades. Atualmente a entidade recebe uma subvenção da Prefeitura Municipal e conseguiu reunir certa importância com a qual espera atingir um de seus objetivos: a construção da Casa da Música que seria a sede social da Sociedade Musical de Ribeirão Preto.


Gisele Haddad

arquivohistorico@osrp.org.br

Publicado na Revista Movimento Vivace Ano III n º 28 outubro de 2010.